Em Cristo estão escondidos todos os tesouros da sabedoria e do conhecimento. (Colossenses 2:3)

Ninguém vos engane com palavras vãs; porque por essas coisas vem a ira de Deus sobre os filhos da desobediência.(Efésios5:6)
Digo isso a vocês para que não deixem que ninguém os engane com argumentos falsos. (Colossenses 2:4)

15 de agosto de 2017

O Que É a Vossa Vida? - TIAGO 4:13-17)




13_Eia agora, vós que dizeis: Hoje ou amanhã iremos a tal cidade, lá passaremos um ano, negociaremos e ganharemos. 14_No entanto, não sabeis o que sucederá amanhã. Que é a vossa vida? Sois um vapor que aparece por um pouco, e logo se desvanece. 15 Em lugar disso, devíeis dizer: Se o Senhor quiser, viveremos e faremos isto ou aquilo. 16_Mas agora vos jactais das vossas presunções; toda jactância tal como esta é maligna. 17_Aquele, pois, que sabe fazer o bem e não o faz, comete pecado.
Tiago fala da Falibilidade dos Projetos Humanos, tendo sua ênfase colocada principalmente na indagação do vs 14: “Que é a vossa vida?”

Não resta dúvidas que a ideia mais forte do texto que agora analisaremos é a imprevisibilidade da vida humana. Como esta é surpreendente! Poderia, por exemplo, Moisés, no dia da saída do Egito após a longa disputa com o faraó, imaginar que ele próprio não estaria na terra prometida? Poderia Bartimeu, que saiu a esmolar, imaginar que naquele dia o Senhor Jesus restituiria a vista e sua vida seria radicalmente modificada? Quantos de nós fomos também surpreendidos com o imprevisível!

Tiago reclama de pessoas que fazem plano de locomoção para uma cidade onde programam passar um determinado tempo e para ganhar dinheiro. Planejar a vida e ganhar dinheiro trabalhando honestamente não é pecado. Pelo contrário, é uma medida acertada. Planejamento e trabalho são virtudes a cultivar. A questão fundamental é que Deus foi esquecido, como Tiago menciona no vs. 15 “Devíeis dizer: Se o Senhor quiser, ...”.

Os judeus, como raça, caracterizaram-se como grandes comerciantes. Na Bíblia, nós os encontramos como agricultores e pastores de rebanhos. Mas, desde a dispersão, muitos deles se tornaram comerciantes e banqueiros. A habilidade comercial e a disposição para o trabalho fizeram dos judeus comerciantes afortunados.

Naqueles dias o mundo crescia. Muitas cidades estavam sendo fundadas. Numa povoação que começa a surgir a habilidade comercial tem amplas oportunidades. E os judeus eram bem acolhidos nas cidades onde chegavam e logo recebiam a cidadania, pois com eles chegavam o comércio e o dinheiro. Por isso o planejamento: “iremos a tal cidade, lá passaremos um ano, negociaremos e ganharemos.” O grande problema era o banimento de Deus nas decisões humanas.

Um exemplo dessa itinerância dos judeus está com Áquila e Priscila. Em At 18:2, Paulo encontra o casal que viera expulso de Roma, onde exercia o oficio de fabricantes de tendas. Em Romanos 16:3-5, o casal está de volta a Roma e inclusive em sua casa se hospeda a igreja cristã.

“No entanto, não sabeis o que sucederá amanhã. Que é a vossa vida?" Penetrantes palavras! O que é a nossa vida? Veja o que diz o salmista: Sl 90:9,10 “... acabam-se os nossos anos como um suspiro. Passa rapidamente, e nós voamos...” Estas são declarações do salmista Moisés sobre a rapidez da vida humana. Sendo a vida tão rápida e incerta, planejá-la sem Deus é insensatez.
 
Em Lucas 12:13-21 temos a parábola do rico insensato. Os bens materiais eram o deus daquele homem e se constituíam na sua grande paixão. No discurso que ele pronunciou, não houve lugar para Deus. Só o EU: Farei, farei, derribarei, edificarei, recolherei, direi. Planejou para longo prazo: “Muitos bens para muitos anos”. Naquela noite, sua alma foi pedida. “Que é a vossa vida?”

“Vapor” ou “Neblina” seria nossa vida mais que estas duas figuras? A dona de casa destampa a panela, sobe o vapor que dentro dela se formou e logo se acaba. Muitos de nós vivemos como se nunca fôssemos morrer! Nunca nos lembramos que aos olhos de Deus somos como um vapor. Por isso, a recomendação do vs. 15 é oportuna: “Em lugar disso, devíeis dizer: Se o Senhor quiser, viveremos e faremos isto ou aquilo”. Nunca devemos deixar Deus fora de nossos planos. Nenhum absolutamente nenhum deles!

O que significa dizer “Se o Senhor quiser”? Isso é suficiente para mostrar a dependência de Deus? Essa é uma advertência saudável, mas ao mesmo tempo se converteu numa frase rotineira que tem pouco significado para muitos dos que a usam. Não precisamos ficar repetindo, sempre “Se o Senhor quiser”. Isso não é suficiente neste caso, como que garantisse a presença dEle em tudo! Como que o simplesmente repetida vezes oramos e dizemos “em nome de Jesus” seremos atendidos, claro que não é assim!
Deve ser mesmo um desejo sincero e uma disposição autêntica do nosso coração, para que em nós se cumpra o querer de Deus.

No vs. 16 ”Mas agora vos jactais das vossas presunções;” Na Bíblia linguagem de hoje, traduzido assim: “Porém vocês são orgulhosos e vivem se gabando”. É o orgulho humano que nos leva a presumir que somos suficientes, que nos bastamos, e por isso podemos prescindir, dispensar a Deus. Moisés alerta o povo de Deus, em Dt 8, para que não esqueça os benefícios feitos pelo o Senhor. O povo não deveria dizer: “A minha força, e a fortaleza da minha mão me adquiriram estas riquezas”, mas sim se lembrar do Senhor, “porque ele é o que te dá forças para adquirires riquezas...” (vs. 17, 18). 
 
Orgulhar-se do progresso pessoal sem reconhecer que vem de Deus o poder e a capacidade para tal, é atitude maligna. Como diz Tiago: “Toda jactância tal como esta é maligna”. Jactância = vanglória; soberba; arrogância; amor-próprio.

O termo “maligna” é o mesmo encontrado no Pai Nosso: “mas livra-nos do mal” (Mt 6:13). Livra-nos do maligno, ou seja o MALIGNO precede o ORGULHO! É ele o MALIGNO que inspira os homens a se orgulharem da grandeza do que adquiriram. Cuidado com a auto suficiência!

De repente, parece que, quebrando a sequência dos argumentos, Tiago diz: “Aquele, pois, que sabe fazer o bem e não o faz, comete pecado”. 
 
Seria uma sentença isolada, desligada de toda a argumentação anterior, não fosse o “pois”. A frase tem conexão total com o que anteriormente foi exposto. Na realidade, o vs. 17 faz a ponte entre o discurso contra os comerciantes (vs. 13-16) e o discurso contra os ricos e opressores (Tg 5:1-6). 
 
As pessoas dotadas de mais posses têm melhores condições de ajudar os necessitados. (LEI DA SEMEADURA).
Os prósperos negociantes do texto que ora tratamos não o faziam. Omitiam-se . Os ricos negociantes do texto a seguir, não apenas deixavam de ajudar, mas oprimiam. Omissão e repressão: a ordem é lógica. A omissão é apenas o inicio da opressão, porque esta é a sequência da insensibilidade que se inicia com a omissão. É o desinteresse pelas pessoas, a falta de amor e de compaixão cristã pelas criaturas necessitadas que tornam o coração endurecido.

A única preocupação do elemento passa a ser a preocupação consigo mesmo. Por isso, com muita propriedade, já dizia o teólogo Manson, O Pecado é a abolição dos dez mandamentos e a instauração do décimo primeiro: “Tu te amarás a ti mesmo sobre todas as coisas”. (Mt 22:39)
A essência do pecado é o egoísmo, e ainda que teologicamente se possa discordar deste conceito, há que se concordar que o homem em pecado rejeita a Deus e o próximo e se constitui a si mesmo como o centro do seu universo. Só então entendemos por que a omissão é pecado!

Como pecado, a omissão será punida por Deus. O grande exemplo que nos vem da Bíblia está na parábola do rico e Lázaro, encontrado no livro de Lc 16:19-31. O rico terminou no inferno. Não apedrejou Lázaro. Não o escorraçou nem o defraudou até levá-lo à mendicância. Nada disso! O rico “apenas” ignorou Lázaro. O texto bíblico nos diz que Lázaro, coberto de úlceras, foi deixado ao portão do rico. Seu desejo era alimentar-se com as migalhas que caíam da mesa do rico. Na Palestina, as pessoas ricas tinham o costume de molhar o pão para que com ele lavassem as mãos sujas de comida, já que, não tendo talheres, eles comiam com as mãos, jogando pedaços de pão molhado debaixo da mesa... Lázaro era um homem tão fraco que os cães vinham lamber-lhe as feridas e ele nem sequer tinha forças para espantá-los. E é interessante observar que ele via os ricos, mas estes não o viam. Sim, o rico só foi ver Lázaro lá no inferno.

É triste pensar na insensibilidade das igrejas que constroem templos suntuosos. Imponentes catedrais “para a glória de Deus”. Será realmente esta a vontade de Deus? As pessoas passam necessidades, vão até nossas casas, sabem que somos cristãos, e muitas ou quase sempre batemos com a porta em sua cara. 
 
Que tipo de Deus é este que, para ser glorificado em um bairro miserável, as pessoas não se relacionam, estão acima do nível social, não falo com fulano, com beltrano, etc...
 
Se Jesus Cristo nos revelou um Deus cuja glória não está nas paredes, mas nas pessoas? O que uma igreja em condições assim pode comunicar aos seus vizinhos? Quanto de nossa vida eclesiástica, centrada no templo, é amor a Deus, e quanto é escapismo dos problemas de um mundo tão necessitado, não apenas no espírito, mas também no corpo? 
 
Não somos culpados, nós mesmos, de grande parte do desinteresse e desprezo que o mundo tem se levantado conta a igreja? Que interesse real o mundo pode sentir da igreja para com ele? Quem resiste a coisas boas?

“Pobre tem alma!”, poderá alguém dizer que discorde dos que se preocupam com as necessidades materiais do povo. Com certeza o pobre tem alma. Mas, o que a igreja precisa lembrar é que “rico também tem alma” e nem sempre está ela fazendo isso aos poderosos. E mais importante ainda: A igreja precisa lembrar que “pobre também tem corpo”. Parece que isso é que tem sido esquecido. Pregamos, exortamos, motivamos, pedimos a Deus, ele faz o milagre. E nossa parte como tem ficado, deixamos de fazer o bem! Isso é pecado, Tiago está dizendo isso. 
 
A igreja de Cristo que passa a viver somente dentro das quatro paredes, admirando sua estrutura, seu programa, seus projetos, esquecida das pessoas, que são imagem e semelhança de Deus.

Pobre também tem corpo, tem necessidades materiais. Tiago nos mostra claramente. E nós temos coragem de dizer que os ricos que eles também tem alma, e que darão contas a Deus de sua vida.

Quanto a nós, evitemos a omissão. “Aquele, pois, que sabe fazer o bem e não faz, comete pecado.” Evitemos transformar a nossa fé em ideologia separada do mundo e no escapismo histórico. 
 

http://alcyricardo.blogspot.com.br/p/estudo-livro-tiago-cap-4.html


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