Grupos estranhos, heréticos e proselitistas têm surgido e se multiplicado confundindo e perturbando o povo de Deus
Nas últimas décadas muitos livros evangélicos e seculares foram escritos para esclarecer o problema dos grupos religiosos demasiadamente místicos e alienantes. Grupos estranhos, heréticos e proselitistas têm surgido e se multiplicado principalmente em países como os EUA, o Brasil, a Coreia do Sul e o Japão. Quem lê e ouve a respeito do assunto, imagina que isso é coisa recente, uma aflição dos últimos tempos, uma enfermidade de nossa época. Não é bem o caso. Os dias do apóstolo Paulo foram marcados por problemas semelhantes e igualmente lamentáveis.
A conhecida carta de Paulo aos colossenses foi escrita entre os anos 60-62. A maioria dos estudiosos entende que Colossenses faz parte das epístolas da prisão. Juntamente com Efésios, Filipenses e Filemom, a carta teria sido enviada por Paulo a partir de Roma, onde Paulo ficou preso, conforme o testemunho de Atos 28.
Colossenses, muito semelhante a Efésios em diversas trechos, tem como alvo auxiliar uma igreja que Paulo não visitara ainda. O ambiente religioso diversificado, místico e efervescente estava trazendo problemas sérios para a nova igreja. O perfil dessa heresia colossense tem sido objeto de estudo de comentaristas e exegetas especializados. Vale a pena dar atenção ao assunto, pois sua pertinência é inconfundível, e sua atualidade, surpreendente.
Os místicos estranhos de Colossos fizeram um verdadeiro sincretismo de tendências religiosas distintas e criaram confusão e desunião na igreja cristã. Tinham influência da religião greco-romana dominante, do judaísmo, de uma espécie de gnosticismo incipiente e das religiões de mistério que proliferavam na Ásia Menor no primeiro século.
A conhecida carta de Paulo aos colossenses foi escrita entre os anos 60-62. A maioria dos estudiosos entende que Colossenses faz parte das epístolas da prisão. Juntamente com Efésios, Filipenses e Filemom, a carta teria sido enviada por Paulo a partir de Roma, onde Paulo ficou preso, conforme o testemunho de Atos 28.
Colossenses, muito semelhante a Efésios em diversas trechos, tem como alvo auxiliar uma igreja que Paulo não visitara ainda. O ambiente religioso diversificado, místico e efervescente estava trazendo problemas sérios para a nova igreja. O perfil dessa heresia colossense tem sido objeto de estudo de comentaristas e exegetas especializados. Vale a pena dar atenção ao assunto, pois sua pertinência é inconfundível, e sua atualidade, surpreendente.
Os místicos estranhos de Colossos fizeram um verdadeiro sincretismo de tendências religiosas distintas e criaram confusão e desunião na igreja cristã. Tinham influência da religião greco-romana dominante, do judaísmo, de uma espécie de gnosticismo incipiente e das religiões de mistério que proliferavam na Ásia Menor no primeiro século.
Mas, afinal de contas, que perigo a heresia colossense representava? O
problema era de fato sério? O que pode ser dito? A pesquisa tem
mostrado que a nova tendência teológica herética de Colossos era um
grupo que parecia ter experiências espirituais extraordinárias.
Tais experiências os colocava num nível superior acima dos demais. Influenciados por uma cosmovisão do tipo gnóstica, eles entendiam que havia vários níveis de distanciamento entre Deus e o homem. Era necessário galgar esses degraus por meio de experiências místicas ascéticas para chegar a um nível superior. Esse distanciamento enfraquecia o valor de Cristo e de sua obra redentora. Foi por esse motivo que Paulo combateu o esvaziamento de Cristo, proposto pelos místicos locais.
“Pois em Cristo habita corporalmente toda a plenitude da
divindade, e, por estarem nele, que é o Cabeça de todo poder e
autoridade, vocês receberam a plenitude. Nele também vocês foram
circuncidados, não com uma circuncisão feita por mãos humanas, mas com a
circuncisão feita por Cristo, que é o despojar do corpo da carne. Isso
aconteceu quando vocês foram sepultados com ele no batismo, e com ele
foram ressuscitados mediante a fé no poder de Deus que o ressuscitou
dentre os mortos” (Colossenses 2.9-12).
O tipo de espiritualidade do grupo de Colossos os fazia sentir-se superior, provocando divisão e discriminação na igreja. A decorrência prática era séria. Os prejuízos eram teológicos, éticos e comunitários. Todavia, não faltou criatividade no sincretismo colossense. O texto de Colossenses 2:9-12 fala até de circuncisão. Por que o assunto é levantado? Por incrível que pareça, a heresia colossense misturava elementos
do judaísmo em sua criatividade religiosa. Estranhamente, esse judaísmo vinha acompanhado de um misticismo mágico, principalmente ligado à influência de espíritos maus, também chamados de “princípios elementares”.
Tendo consciência desse cenário, não é difícil entender alguns versículos importantes do capítulo 2:
do judaísmo em sua criatividade religiosa. Estranhamente, esse judaísmo vinha acompanhado de um misticismo mágico, principalmente ligado à influência de espíritos maus, também chamados de “princípios elementares”.
Tendo consciência desse cenário, não é difícil entender alguns versículos importantes do capítulo 2:
Os hereges legalistas passaram a vigiar a liberdade cristã da igreja e a exigir que eles se abstivessem de alimentos (Lv 11) e de bebidas. Além disso, exigiam também que as festas religiosas judaicas fossem observadas. Todavia, a questão era mais complexa. Acreditava-se que os princípios elementares (potestades espirituais) tivessem poder sobre certas datas. Portanto, a obediência às festas não envolvia apenas ideias judaicas, mas também o temor pagão dos espíritos maus. Assim, a exigência legalista de regras era muito clara e incisiva. Paulo deixa claro que isso era ensino humano. Eles ensinavam que apenas crer em Cristo era insuficiente. Se os cristãos não fossem legalistas e não “respeitassem” as potestades, teriam problemas.
A pergunta que surge é esperável: Com que autoridade eles faziam isso? É simples! Visões espirituais determinavam o tom da verdade. Os místicos alienantes afirmavam que participavam de um culto de nível superior: a adoração de anjos. Não se tratava de adoração feita aos anjos (o genitivo do grego deve ser lido como subjetivo), mas sim da adoração que os anjos faziam. Eles diziam que adoravam no nível angelical, junto com os anjos. Nessas reuniões místicas surgiam as visões que lhes “autorizava” a dizer o que afirmavam. Tais visões eram contadas detalhadamente e serviam de referência de espiritualidade e autoridade.
“Essas regras têm, de fato, aparência de sabedoria, com sua pretensa religiosidade, falsa humildade e severidade com o corpo, mas não têm valor algum para refrear os impulsos da carne” (Colossenses 2:23).
Em dias teologicamente incertos e confusos, é necessário voltar a ler
Colossenses com atenção. É muito atual. Heresia alienante, problema
constante. Não é difícil constatar um legalismo aprisionador em certos
ambientes evangélicos; rituais judaizantes mistificados também estão
presentes. A ênfase exagerada no poder dos espíritos maus aliada a um
desinteresse pela centralidade da cruz de Cristo pode ser percebida com
facilidade. De fato, a religiosidade alienante voltada para experiências
extravagantes e a valorização indevida de anjos em alguns contextos são
alguns dos problemas encontradiços nos dias de hoje. Esses equívocos
precisam ser confrontados com a sábia e decisiva palavra inspirada de
Paulo aos colossenses.
Luiz Sayão é professor em seminários no Brasil e nos Estados Unidos, escritor, linguista e mestre em Língua Hebraica, Literatura e Cultura Judaica pela Universidade de São Paulo (USP).
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